sexta-feira, 13 de junho de 2008

Ainda sobre namorados...

Sei que o Dia dos Namorados passou já, mas como não tive tempo de postar ontem, venho hoje aqui trazer um texto que achei bem interessante da Martha Medeiros, escritora gaúcha.

Estar só
O que mais se lê e ouve por aí são depoimentos de pessoas que falam da dificuldade de se encontrar alguém. Parece que todo mundo está só, precisando urgentemente de companhia. Talvez por isso eu tenha saboreado com especial prazer um trecho do livro "As horas", de Michael Cunningham. Eu o reli depois de ter visto o filme e sigo preferindo o filme, que passa uma claustrofobia emocional que as palavras, no livro, não alcançam. Mas num determinado aspecto do livro foi mais feliz: na parte em que descreve a necessidade de Laura Brown (no filme Juliana Moore) de ficar absolutamente sozinha. No filme, ela se refugia num hotel. No livro, lógico, também, mas por escrito fica mais evidente esta necessidade que todos nós temos, de vez em quando, e não estar em parte alguma, de ficarmos inacalçáveis aos olhos dos outros.
Só existe uma loca onde podemos ficar 100% sós: dentro de nossa casa. Isso se tivermos a sorte de não ter marido, filhos e uma empregada. Sorte? Esta mulher enlouqueceu!
Foi só uma provocaçãozinha... Aqui entre nós: de vez em quando não dá vontade de mandar a família inteira para um safari na África e ar folga de vários dias para a empregada? Ficar com a casa todinha pra você, colocar os discos que você quiser, atender o telefone SE quiser, dormir e acordar quando bem entender e ter tempo para ler um livro inteiro, de ponta a ponta sem interrupção? As que podem, estão dando entrevistas para as revistas femininas reclamando da falta de homem. Ninguém nunca está feliz.
Estar só, totalmente só, imperturbável, é uma direito e um dever. Não todo o tempo, mas por um breve tempo, o tempo que a gente precisa para reencontrar a si mesma, para resgatar nossa mais pura essência, o tempo que a gente necessita para respirar, pirar: o que você faz quando ninguém te vê fazendo? Esta pergunta faz parte da letra de uma música do Capital Inicial. Não estou filosofando tanto assim.
Dentro de um cinema, você fica com vergonha de chorar. No trânsito, o motorista do carro ao lado está vendo você botar o dedo no nariz. Num restaurante, você vai ter que confabular com o garçom. Numa praça, alguém vai lhe perguntar que horas são. Caminhar por uma rua bem movimentada até pode ser uma maneira de ficar só, já que multidões propiciam a invensibilidade. Mas não dá pra tirar os sapatos.
Da próxima vez que você se queixar de não ter ninguém para compartilhar seus bons momentos, tente ver o lado positivo disso. Você tem a você. Você tem o seu canto. Não vai precisar pagar uma fortuna por poucas horas num quarto de hotel, como se fosse uma foragida, fazendo o que não gostaria que ninguém visse: sendo você mesma.


Espero que tenham entendido a mensagem, porque estar só não é tão ruim assim. É nessas horas que estamos mais abertas para o mundo, é quando ninguém te impede de fazer algo. É estar ter uma "pseudo-liberade". Enquanto muitas enlouquecem de stress, você está aí, lendo seu livro, vendo seu filme, saindo quando quiser... e muito mais. ;)


Foto by Bruno Enrica



3 comentários:

Fernanda Becker disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Fernanda Becker disse...

mto³² verdaade isso...
mas tudo na vida tem seu lado positivo.. só que normalmente as pessoas não conseguem ou não querem enxergar :)
como dizem, o pior cego é aquele que não quer ver..

beijo

Dani Antunes disse...

Sem dúvida. Ser solteira é um estado de espírito! rs

Mas, claro, longe do dia dos namorados. Aí vira estado depressivo. rsrsrs

"o que você faz quando ninguém te vê fazendo?

Com certeza tô aqui na net lendo gente legal! ;)

Beijooos